TEXTO SOCIOLINGUÍSTICA - Parte I
Tânia Alkmim
A história da humanidade é a história de seres organizados em sociedade e detentores de um sistema de comunicação oral, ou seja, de uma língua. Efetivamente, a relação entre linguagem e sociedade não é posta em dúvida por ninguém, e não deveria estar ausente, portanto, das reflexões sobre o fenômeno lingüístico [...] Dessa forma, Schleicher (1943) se propõe a colocar a linguística no campo das ciências naturais, dissociado-a da tradição filológica, vista por ele como um ramo da história, ciência humana. Para o referido linguística alemão, o desenvolvimento da linguagem era comparável do de uma planta que nasce, cresce e morre segundo leis físicas [...]. De acordo com Scheicher, cada língua é o produto da ação de um complexo de substâncias naturais no cérebro e no aparelho fonador.
Estudar uma língua é, portanto, uma abordagem indireta a este complexo de matéria. Interessadamente, para Saussure, a língua é um fato social, no sentido de que é um sistema convencional adquiridos pelos indivíduos no convívio social. Mais precisamente, ele aposta a linguagem com a faculdade natural que permite ao homem constituir uma língua [...]. Meillet (1906), aluno de Saussure, filia-se à orientação diacrônica dos estudos línguísticos, mas,para ele, a história das línguas é inseparável da história cultura e da sociedade: [...] Bakhtin (1929), com sua crítica radical à postura Saussureana, traz para o centro da cena dos estudos linguísticos a noção de comunicação social.
A verdadeira substância da língua não é constituída por um sistema abstrato de formas línguisticas, nem pela enunciação monológica isolada, nem pelo ato psicofisiológico de sua produção, mas pelo fenômeno social da interação verbal realizada através da enunciação ou das enunciações. A interação verbal constitui assim a realidade fundamental da língua.
Para Jakobson (1960), o ponto de partida é o processo comunicativo amplo, e isso o leva a ultrapassar a ótica estreita uma análise do fenômeno linguístico ancorada apenas em suas características estruturais. Ao privilegiar o processo comunicativo, o referido autor privilegia também os aspectos funcionais da linguagem. E o que podemos ver com clareza em seu celebre artigo “línguística e poética”, no qual Jakobson (1960) identifica os fatores constitutivos de todo ato de comunicação verbal: o remetente, a mensagem, o destinatário o contexto, o canal e o código. Cada um desses fatores determina uma diferente função de linguagem, seguindo-se, então, que "a estrutura verbal de uma mensagem depende basicamente da função predominante [...]”
Em 1956, o francês Marcel Cohen publicou Pour une sociologie du langage republicado, em 1971, com o novo titulo de Matériaux Pour une sociologie du langage – em que advoga a necessidade de um diálogo entre as ciências humanas, afirmando que "os fenômenos linguísticos se realizam no contexto variável dos acontecimentos sociais". Marcel assume a questão das relações entre linguagem e sociedade a partir da consideração de fatores externos. Nesse sentido, o referido autor estabelece um repertorio de tópicos de interesse para um estudo das relações entre as divisões sociais e as variedades de linguagem, que permite abordar temas como: a distinção entre variedades rurais, urbanas e de classes sociais, os estilos de linguagem (variedades formais e informais), as formas de tratamento, a linguagem de grupos segregados (jargão de estudantes, de marginais, de profissionais etc.)
Para Benveniste (1963), "é dentro da, e pela língua, que indivíduo e sociedade se determinam mutuamente" dado que ambos só ganham existência pela língua. E que a língua é a manifestação concreta da faculdade humana da linguagem, isto é, da faculdade de simbolizar. Para Benveniste, também, a questão da relação entre língua e sociedade se resolve pela consideração da língua como instrumento de análise da sociedade. Ele afirma que a língua contém a sociedade e por isso é o interpretante da sociedade. Esse papel de interpretante é garantido pelo fato de que a língua é "o instrumento de comunicação é e deve ser comum a todos os membros da sociedade" Possibilitando, assim, "a produção indefinida mensagem em variedades ilimitadas."
O termo Sociolinguística, relativo a uma área da linguística, fixou-se em 1964, mais precisamente, surgiu em um congresso, organizado por William Bright, na Universidade da California em Los Angeles (UCLA), do qual participaram vários estudiosos, que foram John Gumperz, Einar Haugen , Willam Labov, Dell Hymes, John Fisher, José Pedro Roma.[...] A proposta de Bright para a Sociolinguística é a de que ela deve "demostrar a covariação sistemática das variações linguísticas e social. Ou seja, relacionar as variações linguísticas existentes na estrutura social desta mesma sociedade. Segundo o referido autor, o objeto de estudo da Sociolinguística é a diversidade linguística. Os referidos autores observam, também, que a Sociolinguística se constitui e floresce no momento em que o formalismo, representado pela gramática de Chomsky, alcança enorme repercussão, em rota para o seu percurso vitorioso. Destacaremos aqui dois desses pesquisadores. Hymes, em 1962, publica um artigo em que propõe um novo domínio de pesquisa, a Etnografia da fala, rebatizado mais tarde como Etnografia da comunicação. De caráter interdisciplinar, buscando a contribuição de áreas como a Etnologia, Psicologia e a Linguística, o novo domínio pretende descrever e interpretar o comportamento linguística, no contexto cultural e, deslocado o enfoque tradicional sobre o código linguística, procura definir as funções da linguagem a partir da observação da fala e das regras sociais próprias de cada comunidade.
Questão como qual o comportamento linguístico adequado para homens, mulheres e crianças na comunidade ou que momentos são adequados para exercícios da fala no com y? podem ser tomadas como ponto de partida para pesquisas em Etnografia da comunicação. Em 1963, Labov publicou célebre trabalho sobre comunidade da ilha de Martha's, em que sublinha o papel decisivo dos fatores sociais na explicação da variação linguística, isto é, da diversidade linguística observado.
Pondo de maneira simples e direta, podemos dizer que o objeto da Sociolinguística é o estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social, isto é, em situações reais do uso [...]. A Sociolinguística encara a diversidade linguistica não como um problema, mas como uma qualidade constitutiva do fenômeno linguístico. Segundo Fishmam (1972), os membros de qualquer comunidade adquirem lenta e inconscientemente as competências comunicativas e sociolínguistica, com respeito ao uso apropriado da língua [...]. No ato de interagir verbalmente, um falante utilizará a variedade linguística relativa a sua região de origem, classe social, idade, escolaridade, sexo etc. e segundo a situação em que se encontra.
Para a Sociolinguística a natureza variável da língua é um pressuposto fundamental, que orienta e sustenta a observação, a descrição e interpretação do comportamento linguístico. Aprende-se a variedade a que se é exposto, e não há nada de errado com essas variedades. Os grupos sociais dão continuidade á herança linguístico recebido. Nesse sentido, é preciso ter claro que os grupos situados embaixo na escola social não adquirem a língua de modo imperfeito, não deturpam a língua comum. A homogeneidade linguística é um mito, que pode ter consequências graves na vida social. Pensar que a diferença linguística é um mal a ser erradicado justifica a prática da exclusão e do bloqueio ao acesso a bens sociais. Trata-se sempre de impor a cultura dos grupos detentores do poder (ou a eles ligados) aos outros grupos_ e a língua é um dos componentes do sistema cultural. A existência de uma variedade padrão, que desloca todas as outras variedades linguísticas e cria um contexto de relações assimétricas entre falante de uma comunidade, é um exemplo objetivo dessa questão. Cabe aos usuários das variedades não-padrão adotar a variedade socialmente aceitável.
Para Jakobson (1960), o ponto de partida é o processo comunicativo amplo, e isso o leva a ultrapassar a ótica estreita de uma análise do fenômeno lingüístico, ancorada apenas em suas características estruturais.
Marcel Cohem (1971) publicou "pour une sociolie lingage republicano" em 1974, em que advoga a necessidade de um diálogo entre as ciências humanas.
Já para Benveniste (1963) “é dentro da e pela língua que indivíduo e sociedade se determinam mutuamente", dado que ambos só ganham existência pela língua. “(...) Em outros termos, a linguagem sempre se realiza dentro de uma língua, de uma estrutura linguistica definida e particular". Logo, língua e sociedade não podem ser concebidos uma sem a outra.
A Sociolinguistica: fixações de um campo de estudos. O termo sociolinguistica, relativo a uma área de Línguistica, fixou-se em 1964, mais precisamente, surgiu em um congresso, organizado por Willian Bright, na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA), do qual participaram vários estudiosos, que constituíram, a posteriori, referências clássicas na tradição dos estudos voltados para estudos preocupados para a questão da relação entre língua e sociedade. A partir de Bright (1964), ficou estabelecido o objeto de estudo da sociolingüística: a diversidade lingüística, através da qual esse mesmo teórico organizou um roteiro para as atividades de pesquisa a serem desenvolvidas na área de sociolingüística, identificando um conjunto de fatores socialmente definidos, com os quais se supõe que a diversidade linguística esteja relacionada, como:
a) Identidade social do emissor ou falante;
b) Identidade social do receptor ou ouvinte
com o contexto social;
c) O julgamento social distinto que os falantes fazem do próprio comportamento lingüístico.
A SOCIOLINGUISTICA: Objeto, conceitos, pressupostos.
Pode-se dizer que o objeto da Sociolinguística é o estudo da língua falada, observada, descrita e analisada em seu contexto social.
A VARIAÇÃO LINGUISTICA: um recorte.
Todas as línguas do mundo são sempre continuações históricas. Em outras palavras, as gerações sucessivas de indivíduos ligam a seus descendentes o domínio de uma língua; particular.
AS VARIEDADES LINGUISTICAS E A CULTURAL E A ESTRUTURA SOCIAL: A variedade padrão de uma comunidade, também chamada de norma culta ou língua culta, não é como o senso comum faz crer, a língua por excelência, a língua original. FISHMAN (1970): Define a padronização, isto é, o estabelecimento da variedade padrão, como o tratamento social característicos da língua.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
De uma perspectiva bem geral, podemos apontar a Antropologia e a Sociologia como áreas relevantes.
Este blogue é dedicado às discussões de temas ligados à sociolinguística, fonética e fonologia. O nome dado ao blogue é uma combinação de dois étimos: socio, de sociolinguística e fonema, som da língua. Adicionando-se a estes, o sufuxo "tica", de origem grega, que significa "estudo". Daí advém o nome SOCIOFONEMÁTICA.
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